Este texto foi extraído do site da "Revista Materna". Um excelente texto sobre Musicalização Infantil.
O envolvimento das crianças com o universo sonoro começa antes do nascimento, pois na fase intra-uterina o bebê já convive com alguns sons provocados pelo corpo da mãe, como o coração batendo, a respiração e o sangue fluindo nas veias. Após o nascimento, o bebê faz interações com diversos sons do cotidiano, como TV, automóveis, vozes de pessoas, música, sons de animais, e assim desenvolve seu repertório de comunicação.
Partindo dessa constatação, a especialista e professora de musicalização infantil Selma Regina C. Garcia Petroni vem desenvolvendo um trabalho de formação musical que para muitos ainda é novidade, mas seus resultados já são reconhecidos e comprovados cientificamente.
“A musicalização infantil iniciada a partir dos 8 meses pode estimular os potenciais da criança, melhorando sua coordenação motora, sensibilidade auditiva e criatividade, atuando também no processo de aprendizagem, afetividade e em sua socialização”, explica.
Muitos estudos confirmam esses benefícios adquiridos com a musicalização desde a infância. Vale destacar Andrzes Janicki, médico polonês especializado em musicoterapia, que realizou experiências nesse campo e concluiu que a música influencia nas funções de numerosos órgãos internos, na função psíquica e na memória.
Tais influências se revelam diretamente no ritmo cardíaco, pressão arterial, secreção do suco gástrico e no metabolismo. O que significa que quem tem contato com a música, por diversas formas, pode sofrer menos com estresse e com o medo, problemas considerados como “doenças da modernidade”.
É interessante observar a grande influência que a música exerce sobre as crianças. Antes mesmo de começarem a falar, os bebês experimentam os sons que podem ser produzidos por sua boca. Logo que se percebe sentado ou em pé, o ritmo de uma música o leva a acompanhar com o corpo os movimentos cadenciados. E é a partir dessa relação entre o gesto e o som que a criança, ouvindo, cantando, imitando, dançando, constrói seu conhecimento sobre música. Assim, do ritmo de seus passos, das batidas do coração, da respiração, dos sons ao seu redor a criança desperta para a vida e sua paisagem sonora.
Segundo a professora, musicalizar a criança é hoje um jogo de trocas entre aluno e professor. “Foi-se o tempo em que a aula de música era um tormento e os símbolos musicais eram desenhos sem lógica para a maioria das crianças”, diz. “Atualmente, eles são integrados aos jogos interativos e às brincadeiras, tornando-se representações vivas do som, do ritmo, da música que sensibiliza e desenvolve o poder de raciocínio, além de fortalecer a personalidade infantil para os enfrentamentos das fases da vida”.
Música e desenvolvimento
A professora Selma explica quais são as etapas de aprendizagem:
• As aulas para bebês são cuidadosamente separadas por faixa etária, sendo o objetivo principal desenvolver o prazer da audição e o gosto pela música, além de estimular o canto, o movimento e a fala. A presença da mãe, ao lado de seu bebê, dá oportunidade a ambos de ampliar o contato materno e social através do processo de musicalização, proporcionando, ainda, o conhecimento de seus limites, segurança e alegria.
• Dos 2 aos 6 anos, as crianças aprendem a apurar os tipos de som, distinguindo sons da natureza, de animais, de objetos e máquinas que compõe o ambiente e de instrumentos musicais. Aos poucos, a música vai nascendo, acompanhada dos instrumentos de percussão, como tambor, sininhos, guizos e flautas, até o reconhecimento de todas as famílias de uma orquestra.
• Dos 7 aos 8 anos, a criança se prepara para a leitura e escrita musical, além de criar melodias, tocar instrumentos, conhecer os grandes compositores e reconhecer os mais variados tipos de música, como folclórica, erudita e popular.
Selma acrescenta que as pessoas ainda têm uma visão errônea sobre a musicalização.
“Para alguns pais, a música é entendida como algo pronto. Muitas escolas não ensinam música, na verdade ensaiam coreografias para a festa junina, para o Dia das Mães, ou para o Natal. Esse tipo de atividade não abrange possibilidades de desenvolver, por exemplo, a expressão vocal, corporal ou instrumental; ou, ainda, outros aspectos, como pesquisa, criação, escuta, senso crítico, gosto musical, justamente o que trará os benefícios para as crianças”, afirma.
Uma das maiores vantagens da musicalização é o desenvolvimento do potencial de criação, concentração e disciplina para execução de atividades.
“Depois de algumas aulas, percebemos que os alunos acabam se disciplinando para prestar atenção, escutar, brincar e participar das atividades com outras crianças”, diz a professora. A criança que recebe este tipo de formação terá mais facilidade no ensino fundamental para matérias comuns, como matemática, português, e no estudo de línguas estrangeiras. “Muitas mães acabam por conferir, logo nas primeiras aulas, que seus filhos criam memória auditiva, distinguindo sons, instrumentos, ritmos e melodias, além de aprender a tocar um instrumento musical”, completa.
Fonte: http://www.semprematerna.com.br/manual-bebe/009-musicalizacao-infantil.php